domingo, 7 de outubro de 2012

Política: Não é bem assim...




Dia de eleição. O que mais se vê nas ruas são as batidas discussões sobre políticos ladrões e corruptos. Infelizmente, é fato. A imensa maioria deles faz jus à fama.

Mas isso me incomoda, e por alguns motivos.O primeiro é de ordem pessoal. Meu pai, meu maior ídolo, minha referência, foi agricultor, comerciante... e político. Um simples vereador numa cidade do interior, durante décadas. A prova irrefutável de que ele era a pessoa mais decente que eu – assim como todos os que conviveram com ele – conheci é o fato de que, até sua morte, ocorrida em 2009, aos 86 anos, ele sobrevivia às custas de uma miserável aposentadoria do INSS e, principalmente, de uma vaquinha dos filhos.

Seu Eduardo Patrício chegou a ser um “homem de recursos”, como se diz no sertão do Ceará – notadamente em Boa Viagem e Quixeramobim, cidades nas quais ele morou e trabalhou muito. Quando ele, convencido por minha mãe, mandou a família para Fortaleza, sua condição financeira começou a piorar. Mas ele ficava todo orgulhoso ao dizer que esse sacrifício foi responsável pela sua maior riqueza: a educação e formação dos filhos. 

Algum dia voltarei a escrever sobre alguns dos “causos” do meu pai, que, além de tudo, era uma figuraça.   

Após essa breve digressão, voltemos. O segundo motivo do meu incômodo está, de certa forma,  relacionado ao anterior. Como meu pai, existem políticos decentes, honestos, que, obviamente, representam um gota dágua no oceano. Dá pra contar nos dedos.

Terceiro: a política é um retrato da sociedade. Assim como existem prefeitos, deputados, vereadores corruptos, isso também ocorre em todos os segmentos da sociedade. Empresários, professores, padres, pastores e seus rebanhos, estudantes, bancários, jogadores de futebol, jornalistas, médicos, magistrados, enfim, em todo lugar temos pessoas de bem e outras nem tanto. Boa parte das pessoas que adoram xingar os políticos, gostaria mesmo é de estar lá, e se olhasse pra dentro de si, possivelmente identificaria comportamento semelhante. E no seu dia-a-dia têm lá seus pecados. Talvez com volumes menores...

É mais ou menos como aquela velha piada. Num avião, o cara se dirige à moça lindíssima sentada ao seu lado:
- Por um milhão de reais você passaria uma noite comigo?
Os olhos dela brilham.
- Um milhão de reais é bem razoável...
- E por cinquenta reais?
- O senhor está pensando que eu sou prostituta?
- Bem, isso já foi respondido na primeira pergunta. Agora é só uma questão de preço...

Voltando à vaca fria, o que me incomoda mesmo no bordão “político ladrão” é outra coisa. Exceto se retornarmos a uma sociedade anárquica, sempre vamos precisar de políticos. Não há como fugir.  

O estigma de que a política é lugar para criminosos, portanto, apenas afasta mais e mais as pessoas decentes dela. E cada vez mais, estaremos entregando o ouro ao bandido, reduzindo-se nossas oportunidades de mudar alguma coisa em dias como hoje, de eleições municipais.

Você gostaria que seu filho fosse político? Eu gostaria. Pedro tem apenas dezessete anos. É quase uma criança, mas vive dando mostras de sua integridade. Não sei se já nasceu assim, ou se tem a ver com a educação que recebeu. Talvez as duas coisas.

Mas ele quer ser engenheiro. Ótimo. Se fosse político, ótimo também!