Gulag é um acrônimo russo, significando algo como Campo
de Trabalho Correcional. Na prática, eram campos de trabalhos forçados
utilizados massivamente por Lênin e Stálin, durante cerca de 40 anos, em meados
do século passado.
Há alguns meses li uma reportagem n’O Estado de São Paulo retratando o Gulag dos tempos atuais, na Coreia do Norte. Os relatos eram tão escabrosos que de vez em quando o assunto me volta à mente. Resolvi postar esse texto sobre o tema, como uma espécie de exorcismo, pra ver se esqueço isso de vez.
No romance inacabado O Processo (Der Prozess), Franz Kafka narra a história de Joseph K, que é preso sem saber o motivo. Pois bem, essa é a realidade de boa parte das cerca de 200 mil pessoas aprisionadas na Coreia, condenadas por algo como “culpa por associação”, ou seja, simplesmente pagam pelo parentesco com alguém que cometeu o horrendo crime de ... fugir para a Coreia capitalista, a do Sul. Na impossibilidade de punir o desertor, a ditadura de Pyongyang simplesmente prende para sempre toda a sua família. Atletas que denegriram a imagem norte-coreana no exterior (leia-se perder uma partida de futebol, por exemplo) também são moradores contumazes das prisões.
Os depoimentos são inacreditáveis, e vão desde o consumo de excrementos de animais até casos de canibalismo. Mas o que mais revolta é que essa realidade parece longe de acabar, pois no país reina uma gigantesca lavagem cerebral. Nada a menos do que cinco milhões de fanáticos – um quinto da população do país – participaram da despedida do ditador Kim Jong-il, morto no final de 2011.