Após a apresentação de uma softwarehouse, fui indagado sobre o que
tinha achado do seu produto. Parecia muito bom (embora no Power Point tudo funcione, ainda mais se apresentado por um
vendedor), mas refleti um pouco antes de responder.
Minha conclusão foi: se eu
fosse um bilionário russo daqueles que acordam e resolvem comprar um time de
futebol e fundar um banco, o produto cairia como uma luva.
No entanto, para o ambiente tecnológico do meu Banco, pelo seu tamanho,
complexidade, centenas de sistemas interligados, diversas plataformas, não
seria um bom negócio. E ainda tem o processo. Ah, o processo...
Já falei sobre o assunto anteriormente, mas se vamos comprar um
produto que implemente uma commodity,
algo já maduro no mercado, precisamos ponderar se vamos incorporar também o
processo, o que normalmente é uma boa idéia, mas nem sempre. Caso positivo,
mesmo assim, sempre se faz necessário algum tipo de integração com o legado.
Mas se, por algum motivo - que muitas vezes está relacionado à
cultura da organização ou a processos inter-relacionados - pretendermos manter
do mesmo jeito o que já vínhamos fazendo, é possível que a solução requeira tantas
customizações que acabe não valendo à pena sua aquisição.
Uma outra constatação: quanto mais maduro é o ambiente de TI de
uma empresa – o que certamente é o caso dos grandes instituições financeiras do Brasil – mais complexa pode ser a
integração. Afinal, bases corporativas, desacoplamento, não-redundância e
outros conceitos tornam mais robusto e seguro o ambiente, mas por vezes
podem ser um overhead no momento de
conectá-lo a novas soluções.
Essa problemática faz com que o esforço de desenvolvimento
“nativo” - pelo insourcing ou pelo outsourcing – das empresas seja sempre volumoso e
pesado. Mas precisamos perseguir obstinadamente
as melhores alternativas, que geralmente são também as mais simples, de forma a
não tornar a TI algo inadministrável.
Hoje, a Tecnologia é reconhecida por todas as grandes corporações como apoiadora e
mesmo alavancadora de soluções de negócio, mas a cada dia surgem novos desafios
a serem superados.
A preocupação com eficiência operacional, com a priorização de
demandas, com os processos (que não devem ser um fim em si mesmo, e sim
viabilizadores das nossas entregas) e com a gestão do conhecimento, deve ser
constante.
Acredito que teremos avançado mais um degrau de maturidade quando
nossos produtos de TI tiverem um certo padrão, independente de sua origem, seja
make by desenvolvimento interno, make by terceiros ou simplesmente buy.
No Banco do Brasil, especificamente, o desenvolvimento interno, fundamentalmente, é o que nos fez
chegar até aqui. A força e competência do nosso pessoal, o maior patrimônio da
Ditec, foi e sempre será imprescindível. O outsourcing também é importante,
no banco e em todas as demais organizações, essencialmente para que possamos
gerir nossos vales e picos de demandas (quase sempre picos).
Costumo dizer que a maior qualidade do ser humano é a capacidade
de reconhecer suas deficiências, pois somente a partir daí conseguimos atuar
para superá-las.
Acredito que isso funcione também com as organizações, para
conseguir superar seus imensos desafios.