Recebi uma cobrança:
- E aí, não vai mandar aquele
texto que você prometeu? Estou só esperando pra poder publicar...
Resposta “na lata”:
- Ainda não fiz. E a culpa é
sua!
Atônita, minha amiga, claro,
não entendeu nada. Fiquei até com pena da cara de espanto dela...
Era uma brincadeira, lógico.
E era sobre isso que eu pretendia escrever. A nossa tendência de “terceirizar”
os problemas, de sempre culpar o outro por nossas deficiências. Às vezes de
forma consciente, às vezes não.
Quando é de propósito, não
há muito o que comentar. Mas o pior é que, na maioria das vezes, realmente
acreditamos na desculpa. E é isso que nos impede de evoluir.
Infelizmente, no mundo
atual, esse tipo de comportamento é cada vez mais frequente. E decorre da nossa
incapacidade de nos observar de forma isenta. Isso ocorre no plano individual e
no coletivo.
Há algum tempo, um colega de
trabalho falou um coisa aparentemente boba, mas que representa bem o que estou
querendo falar. Ele disse:
- Engraçado, quando eu
trabalhava na minha equipe anterior, nós achávamos que todos os nossos
problemas eram causados por este setor. Agora que vim pra cá, parece que o
problema estava era lá...
Outro caso, também
emblemático: eu acabara de assumir uma equipe e um funcionário, que eu não
conhecia, me chamou pra conversar:
- Sérgio, eu sei que eu não
tenho rendido o suficiente, mas preciso dizer que estou passando por umas
dificuldades. Eu me separei e meus problemas pessoais estão interferindo no meu
trabalho. Mas vou tentar mudar.
Aquela franqueza, claro, me
sensibilizou. E passei a ser mais compreensivo com o dito cujo.
Passado algum tempo, a
situação parecia não mudar. Conversando reservadamente sobre o fato com alguém
que conhecia o funcionário há mais tempo, ele me falou:
- Sérgio, sabe há quanto
tempo o fulano se divorciou? Quase oito anos...
Essa historinha nos remete a
mais algumas reflexões. A primeira é que algumas pessoas realmente têm
dificuldade para superar perdas, e aquilo as acompanha o resto da vida; a
segunda (que de certa forma está relacionada à primeira) é que o ser humano
adora uma “muleta”, algo em que se escorar para não mudar seu comportamento.
Bom, essa é a vida.
Reconhecer nossas deficiências é o primeiro (e o mais difícil) passo para evoluirmos. Querer mudar, o segundo. O resto é mais fácil.
Pra fechar: Minha amiga não tinha nada a ver com meu atraso. A culpa era exclusivamente minha...