quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Não fui eu!!


Recebi uma cobrança:

- E aí, não vai mandar aquele texto que você prometeu? Estou só esperando pra poder publicar...

Resposta “na lata”:

- Ainda não fiz. E a culpa é sua!

Atônita, minha amiga, claro, não entendeu nada. Fiquei até com pena da cara de espanto dela...

Era uma brincadeira, lógico. E era sobre isso que eu pretendia escrever. A nossa tendência de “terceirizar” os problemas, de sempre culpar o outro por nossas deficiências. Às vezes de forma consciente, às vezes não.

Quando é de propósito, não há muito o que comentar. Mas o pior é que, na maioria das vezes, realmente acreditamos na desculpa. E é isso que nos impede de evoluir.

Infelizmente, no mundo atual, esse tipo de comportamento é cada vez mais frequente. E decorre da nossa incapacidade de nos observar de forma isenta. Isso ocorre no plano individual e no coletivo.

Há algum tempo, um colega de trabalho falou um coisa aparentemente boba, mas que representa bem o que estou querendo falar. Ele disse:

- Engraçado, quando eu trabalhava na minha equipe anterior, nós achávamos que todos os nossos problemas eram causados por este setor. Agora que vim pra cá, parece que o problema estava era lá...

Outro caso, também emblemático: eu acabara de assumir uma equipe e um funcionário, que eu não conhecia, me chamou pra conversar:

- Sérgio, eu sei que eu não tenho rendido o suficiente, mas preciso dizer que estou passando por umas dificuldades. Eu me separei e meus problemas pessoais estão interferindo no meu trabalho. Mas vou tentar mudar.

Aquela franqueza, claro, me sensibilizou. E passei a ser mais compreensivo com o dito cujo.

Passado algum tempo, a situação parecia não mudar. Conversando reservadamente sobre o fato com alguém que conhecia o funcionário há mais tempo, ele me falou:

- Sérgio, sabe há quanto tempo o fulano se divorciou? Quase oito anos...

Essa historinha nos remete a mais algumas reflexões. A primeira é que algumas pessoas realmente têm dificuldade para superar perdas, e aquilo as acompanha o resto da vida; a segunda (que de certa forma está relacionada à primeira) é que o ser humano adora uma “muleta”, algo em que se escorar para não mudar seu comportamento.

Bom, essa é a vida. Reconhecer nossas deficiências é o primeiro (e o mais difícil) passo para evoluirmos. Querer mudar, o segundo. O resto é mais fácil.

Pra fechar: Minha amiga não tinha nada a ver com meu atraso. A culpa era exclusivamente minha...