quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Josés


José morreu neste domingo, 28 de fevereiro, aos 95 anos, em São Paulo. Bibliófilo, intelectual e acadêmico, era um apaixonado pela cultura em suas diversas formas. Era o maior colecionador de livros do Brasil. O grande legado que José nos deixa é sua história de vida, pautada pela ética, ao longo de sua atuação empresarial, política e social. 
Membro da Academia Brasileira de Letras, José doou seu acervo de 38 mil títulos para a Universidade de São Paulo. Na década de 70, então secretário de cultura, pediu exoneração do cargo quando a ditadura militar insistiu na versão de suicídio do jornalista Vladimir Herzog. Foi um dos únicos nove empresários brasileiros a assinar, durante esse período negro da história do país, um manifesto pela abertura política. Até sua morte, pouco se falava de José, pois integridade não dá muita audiência.

Também temos o “nosso” José. Político de sucesso, administrador competente, o José candango, mineiro de nascimento, é figurinha carimbada na mídia, chegando, finalmente, – e ainda bem – ao ápice: as páginas policiais. Circunstancialmente, é verdade, e tão-somente por conta de desavenças na cúpula da quadrilha. Desde o carnaval, José e alguns comparsas estão presos.

Dois Josés, duas escolhas, duas histórias de vida. O livre-arbítrio e duas trajetórias tão díspares. Talvez a chave esteja numa palavra: educação. Como alguém já falou (não me recordo a fonte): não nos preocupemos somente com o mundo que vamos deixar para os nossos filhos, mas também - e principalmente – com os filhos que estamos deixando para o mundo.

Publicado originalmente em 02/03/2010

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Bola murcha


A Copa Sulamericana mostrou a fragilidade do atual futebol brasileiro. Os times que chegaram à segunda fase da competição estão, em sua maioria, brigando pela ponta no nosso campeonato, mas tiveram participação pífia na disputa continental. Assim é que São Paulo, Botafogo e, principalmente, o Flamengo, foram vergonhosamente eliminados por seus rivais paraguaios, colombianos e chilenos, respectivamente. O Vasco passou, mas o fez tomando seis gols de um time de várzea, três na Bolívia e três na volta.
O maior fracasso foi, sem dúvida, o rubro-negro carioca, talvez o melhor elenco do futebol brasileiro - pelo menos o mais caro. No primeiro jogo, em casa, time completo, conseguiu cair de quatro para “La U”. A Universidad de Chile poderia ter feito o dobro, tal o seu domínio. E não foi a circunstância do placar que fez o Flamengo se abrir e tomar a goleada. Desde o primeiro minuto a equipe brasileira foi sufocada. Os chilenos perderam uma infinidade de gols – um pênalti, inclusive – e foram garfados, tanto na anulação de um gol legal quanto na injusta expulsão de um jogador. Perdoem o trocadilho, mas o time de Lorenzetti deu um banho. Foi uma calamidade.
Para chegar ao título, o Vasco agora tem que passar pelo fraco Universitário (Peru) e, na sequência, a projeção é que encare a perigosa Universidad de Chile na semi e o sempre enjoado Vélez Sarsfield na final.
Voltemos à reta final do campeonato brasileiro. Emocionante, indefinido, mas de baixo nível técnico, ao contrário do que querem nos vender os cronistas esportivos.