Barracões de zinco: condições de vida sub-humanas na periferia de Cape Town |
Há três anos, em meio à festa da primeira Copa do Mundo em continente
africano, o rumoroso episódio da Blikkiesdorp – “cidade de
lata”, em africâner - manchou a imagem da África do Sul e da
organização do evento.
O
autointitulado “governo de integração”, formado em grande parte
por aqueles que ajudaram a acabar com o apartheid racial - oficialmente extinto na década de 1990 – implementou uma
nova forma de segregação, agora social, com um único objetivo:
esconder do mundo a pobreza de uma das sedes da copa.
A
população “indesejável” de Cape Town (Cidade do Cabo) –
moradores de rua, imigrantes pobres, portadores do vírus HIV – foi
confinada num assentamento localizado a 20 km da metrópole, formado
por milhares de barracos de zinco, que potencializavam o frio no
inverno e o calor no verão.
A
Cidade de Lata foi construída em 2008, como uma situação
transitória para abrigar invasores de prédios públicos.
Até
2010, pelo menos havia uma certa segurança. O local era totalmente
cercado por arame farpado e seu único acesso era rigidamente
controlado por policiais.
A
Copa do Mundo foi um sucesso! Como se sabe, o Brasil voltou pra casa
mais cedo, graças a Dunga, Felipe Melo & cia, mas a Espanha,
comandada por Xavi e Iniesta, deu show e foi a grande campeã.
A
Fifa e alguns figurões encheram os bolsos, o tempo passou e, como
era de se esperar, promessas foram esquecidas. A Blikkiesdorp
está completando cinco anos, se tornou uma favela perigosíssima, e
seus moradores engordam uma lista do governo para receber casas de
verdade, numa espera que deve levar décadas.
No
Brasil, vários estádios belíssimos são circundados por favelas, o
que certamente não passa uma boa imagem para o resto do mundo. Será
que teremos uma reedição de Blikkiesdorp por aqui?
Castelão: primeiro estádio brasileiro pronto para a copa, localizado em um bairro paupérrimo de Fortaleza.
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