Participando de um GT de outsourcing, um colega de batalha de
alguns anos me pergunta qual minha opinião sobre uma forma efetiva de uma
empresa pública terceirizar desenvolvimento de software. Pra mim não há muitas alternativas, até
porque já se tentou de quase tudo, sem sucesso.
Primeiramente, descartamos o bodyshop. Para os incautos, trata-se da
contratação de serviços em que a remuneração se dá por hora-homem, ou seja, ela
é completamente desatrelada de qualquer entrega, razão pela qual é ilegal (TCU),
imoral e engorda (no caso, o caixa da terceirizada).
Portanto, o modelo a ser adotado é
o de Fábrica, com a métrica adequada àquilo que se quer contratar (ex: APF),
com fatores de ajustes para atender às especificidades da organização. E o
ideal é a contratação de pacotes significativamente grandes, de forma a diluir
os custos de controle.
Bom, até aqui nenhuma novidade.
Mas o ponto central começa com algo que postei em outro texto, que é a redução
contínua do delay entre o surgimento
da necessidade do negócio e sua implantação. E mais. Digamos que esse delay seja de trinta dias.
Hipoteticamente, somente após uns vinte dias é que as regras efetivamente se
materializam (se é que se materializam), de forma que não há como se explicitar
formal e tempestivamente isso numa encomenda terceirizada.
Assim é que, na prática, um
modelo possível seria uma especificação superficial por parte da contratante de
forma a permitir, num primeiro momento: uma medição indicativa; uma previsão
orçamentária; e uma estimativa de esforço/prazo.
A partir daí, um funcionário da
contratante compõe uma célula de desenvolvimento com a equipe disponibilizada
pela contratada, ao tempo em que se busca uma maior consolidação da demanda, de
forma que, ao final do serviço, seja possível medir e remunerar a empresa pelo
produto entregue, de acordo com as condições pactuadas.
Eu sei, não é lá um modelo muito
redondo, e há alguns aspectos questionáveis, mas não há muito como fugir disso.
Infelizmente.