A comunicação falada – especialmente presencial – adiciona vários componentes àquilo que está sendo transmitido, além das palavras em si: a expressão corporal e facial, o tom de voz, o volume e até a possibilidade do feedback imediato, que nos permite eventualmente corrigir algum mal-entendido.
Já a linguagem escrita não tem
nada disso, e ainda conta com um agravante: a perenidade. Um email
inadequado, uma postagem precipitada no facebook
– muitos esquecem inclusive o alcance absurdo da rede social – uma ata de
reunião, tudo permanece registrado, podendo ser objeto de consulta no futuro.
Um dia desses chamei um
funcionário de minha equipe para conversar sobre uma mensagem que ele havia encaminhado
a vários destinatários. Pensei duas vezes antes de fazê-lo, mas acredito que uma
das principais atribuições de um administrador é a formação de sua equipe.
Com muito cuidado, tentei
explicar que o texto poderia ser melhorado (na verdade, estava muito ruim) e
recebi a seguinte resposta:
- Olha, Sérgio, não tem jeito, eu
nunca fui bom em português.
Retruquei:
- Eu também não, mas o fato de
ler e escrever bastante vai fazendo a gente melhorar continuamente.
Na realidade, muitos dos erros
que cometemos não têm muito a ver com o desconhecimento de regras, mas sim com
falta de atenção. Argumentei com meu amigo que ele poderia ter evitado pelo
menos alguns dos equívocos, que era mais uma questão de atenção ou mesmo de
lógica. Falei de algumas dicas básicas, tipo: vírgulas são pequenas pausas,
pontos são pausas maiores, crase – um eterno problema – é simplesmente a junção
de dois “As”, etc.
Pedi para que meu funcionário
pronunciasse mentalmente aquilo que escrevera e voltasse a redigir a mensagem.
Resultado: o texto saiu quase perfeito!
Seguem alguns macetes que podemos
utilizar no dia-a-dia:
- Quem escreve bem escreve pouco. Isso é particularmente relevante no mundo atual, em que convivemos com excesso de informação;
- Simplifique! Muitas vezes tentamos utilizar termos difíceis sem conhecer o seu significado. É comum a utilização indevida de palavras, apenas pelo que elas parecem representar. Exemplos: assertividade não tem nada a ver com acerto, amiúde não significa detalhamento (a miúdo?), e por aí vai;
- Todo editor de texto tem um corretor ortográfico. Ele nunca vai resolver tudo, mas já filtra os erros mais crassos;
- Algumas coisas são bem chatinhas de aprender, como o uso do porque, do hífen (principalmente depois da reforma ortográfica), do mal/mau, do verbo assistir, do há/a, etc. Aí não tem jeito: pesquise! Com o advento do Google, isso é a coisa mais fácil que existe;
- Gosto muito de uma coluna chamada Dicas de Português, publicada pela jornalista Dad Squarisi no jornal Correio Braziliense (assim mesmo, com “z”).