sábado, 25 de junho de 2016

Vitória da Intolerância




Desunião Europeia: o Reino Unido abandona o barco

Um dia antes, o clima era de euforia. As pesquisas indicavam vitória do Bremain. Os mercados operavam em alta e parecia que tudo ia ficar na mesma.

Veio o plebiscito. E a surpresa.

Sabia-se que o resultado seria apertado. Tudo indicava que o bom senso iria prevalecer. Mas não. O Brexit – um acrônimo para British Exit, ou saída da Grã-Bretanha da União Europeia – ganhou. O termo é uma adaptação do Grexit, de 2012, quando se cogitou a saída da Grécia da zona do euro.  

O placar de 52 a 48 soou como um 7 a 1. A Europa, como de resto o mundo inteiro, se sentiu como o Brasil no Mineiraço. Atônita, desorientada.

A União Europeia ainda conta com 27 países – e outros, como a Turquia, permanecem negociando sua entrada – mas a saída da Grã-Bretanha não é uma perda qualquer. O país é a quinta economia do mundo, e a segunda da Europa, atrás apenas da Alemanha. Além disso, essa saída pode desencadear movimentos semelhantes de outras nações. Itália, Holanda, Suécia, Eslováquia e Dinamarca, dentre outros, têm movimentos separatistas, que podem ganhar mais força a partir de agora. Até na França, grupos ultradireitistas falam em abandonar o barco também.

O parlamento europeu já sinalizou que quer os britânicos fora o quanto antes, e devem jogar duro, com sanções que desestimulem outras iniciativas do gênero.

O Reino Unido é formado por Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte – a outra Irlanda, da capital Dublin, é independente. Certamente o resultado do plebiscito terá consequências nessa composição. O primeiro-ministro Cameron anunciou sua renúncia, e movimentos separatistas devem recrudescer. A Escócia majoritariamente votou contra a saída, e a forma mais abreviada de retornar é sua separação do Reino.  

A única – e pífia – vantagem da saída do Reino Unido da EU é que viajar para lá deve ficar mais barato. Londres é a capital mais cara da Europa. A cotação da libra – eles nunca adotaram o Euro – despencou logo após a derrota do Bremain.

Ainda não estão claras todas as consequências desse evento, mas certamente a vida dos imigrantes no país da rainha Elisabeth II não será fácil.

Já se fala em novo plebiscito. Mas a chance de reversão é mínima.

Uma vitória da intolerância, do egoísmo.