Recentemente me disseram que eu ando muito
sério nas minhas postagens, que eu deveria escrever algo mais leve, como em
outros tempos. Então vamos lá.

Certo dia, a lâmpada que ficava
logo acima da minha estação de trabalho estava sem acender e esse meu amigo,
sempre solícito, se dispôs a consertar. Tirou o sapato, subiu na cadeira e resolveu
o problema. Só que, enquanto isso, eu percebi que nossos sapatos eram iguais e
resolvi tirar uma onda. Tirei os meus, calcei os dele e fiquei quieto.
Ele desceu, calçou meus sapatos e
voltou à sua mesa, sem se dar conta da troca. Ocorre que eu calço um número a
mais que ele. Depois de certo tempo, meu amigo percebeu que havia algo errado. A
todo instante, parava de digitar, olhava para os pés, movimentava-os para os
lados e imaginava como eles poderiam ter “encolhido”. Eu sentava bem à sua
frente e fingia não perceber seu incômodo.
Isso ocorreu pela manhã. Durante
todo o dia, meu antigo parceiro de tênis, ex-militar, sistematicamente repetiu
o gesto de olhar pra baixo, mexer os pés, franzir a testa e voltar ao trabalho,
cada vez mais intrigado.
Quase no final da tarde, eu
estava de pé a uns cinco metros dele, conversando com outros colegas, quando meu
amigo parou o que estava fazendo, olhou fixamente para os meus pés, para os
dele, para os meus novamente, refletiu longamente e caminhou em minha direção,
sem muita convicção.
Ao chegar, meio sem graça,
perguntou educadamente:
- Com licença, Sérgio. Por acaso,
será que nós não trocamos nossos sapatos por engano?
Morrendo de vontade de rir, controlei-me e respondi bem sério:
- Olha, você não acha meio
comprometedora essa pergunta? Em que situação isso poderia ter ocorrido?
Ele coçou a cabeça, pediu
desculpas e já ia voltando para o seu lugar quando eu e os demais não nos agüentamos,
gargalhamos e entregamos o ouro.
Sempre que nos encontramos
lembramos com bom-humor do episódio, um caso típico de inutilidade que entra
para a posteridade...
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