sábado, 25 de agosto de 2012

Simples assim

Veja (e ouça) esses dois clipes. Sem entrar  no mérito do que é bom ou ruim – eu prefiro a Tiê -  as duas interpretações passam mensagens bem distintas, apesar de se tratar da mesma música.






















A comunicação falada – especialmente presencial – adiciona vários componentes àquilo que está sendo transmitido, além das palavras em si: a expressão corporal e facial, o tom de voz, o volume e até a possibilidade do feedback imediato, que nos permite eventualmente corrigir algum mal-entendido.

Já a linguagem escrita não tem nada disso, e ainda conta com um agravante: a perenidade. Um email inadequado, uma postagem precipitada no facebook – muitos esquecem inclusive o alcance absurdo da rede social – uma ata de reunião, tudo permanece registrado, podendo ser objeto de consulta no futuro.

Um dia desses chamei um funcionário de minha equipe para conversar sobre uma mensagem que ele havia encaminhado a vários destinatários. Pensei duas vezes antes de fazê-lo, mas acredito que uma das principais atribuições de um administrador é a formação de sua equipe.

Com muito cuidado, tentei explicar que o texto poderia ser melhorado (na verdade, estava muito ruim) e recebi a seguinte resposta:
- Olha, Sérgio, não tem jeito, eu nunca fui bom em português.

Retruquei:
- Eu também não, mas o fato de ler e escrever bastante vai fazendo a gente melhorar continuamente.

Na realidade, muitos dos erros que cometemos não têm muito a ver com o desconhecimento de regras, mas sim com falta de atenção. Argumentei com meu amigo que ele poderia ter evitado pelo menos alguns dos equívocos, que era mais uma questão de atenção ou mesmo de lógica. Falei de algumas dicas básicas, tipo: vírgulas são pequenas pausas, pontos são pausas maiores, crase – um eterno problema – é simplesmente a junção de dois “As”, etc.

Pedi para que meu funcionário pronunciasse mentalmente aquilo que escrevera e voltasse a redigir a mensagem. Resultado: o texto saiu quase perfeito!

Seguem alguns macetes que podemos utilizar no dia-a-dia:
  • Quem escreve bem escreve pouco. Isso é particularmente relevante no mundo atual, em que convivemos com excesso de informação;
  • Simplifique! Muitas vezes tentamos utilizar termos difíceis sem conhecer o seu significado. É comum a utilização indevida de palavras, apenas pelo que elas parecem representar. Exemplos: assertividade não tem nada a ver com acerto, amiúde não significa detalhamento (a miúdo?), e por aí vai;
  • Todo editor de texto tem um corretor ortográfico. Ele nunca vai resolver tudo, mas já filtra os erros mais crassos;
  • Algumas coisas são bem chatinhas de aprender, como o uso do porque, do hífen (principalmente depois da reforma ortográfica), do mal/mau, do verbo assistir, do há/a, etc. Aí não tem jeito: pesquise! Com o advento do Google, isso é a coisa mais fácil que existe;
  • Gosto muito de uma coluna chamada Dicas de Português, publicada pela jornalista Dad Squarisi no jornal Correio Braziliense (assim mesmo, com “z”).
Bom, melhor ir encerrando por aqui. Quanto maior o texto, maior a possibilidade de errar. Quem sabe já não cometi alguma gafe...  

9 comentários:

  1. O arranjo de Tiê é arte, sentimento... porém Calcinha Preta! o nome do conjunto já diz tudo, é apelação, aí a arte se perde a sutiliza fica rara e o bom senso duvidoso.
    A forma de comunicação realmente diz tudo, a presencial é ouro, é a mais rica e fiel, já a escrita um tesouro, mas é um risco, pois a interpretação depende de quem lê.
    Gosto de músicas românticas, mas não podemos desqualificar um bom forró Pé de Serra a moda antiga, não é?!
    Na dúvida passei o corretor ortográfico rsrsrs. bj

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    1. Valeu, Miriam. Puxa, acabei de publicar! Mais uma vez obrigado por prestigiar o blog. Os clipes foram propositais, pois são dois extremos. Mas o foco era a preocupação com a mensagem escrita.
      Abração!

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    2. Este tema me fez lembra um episódio que aconteceu comigo: tinha acabado de compra um celular novo, sai da loja e escrevi um msg para meu namorado, só que escrevi tudo em maiúsculo, pois era como estava programado o celular. Eu não sabia que escrever desta forma é como se estivesse gritando com a pessoa, deu a maior confusão! O namoro acabou naquele dia, com certeza não foram as letras em maiúsculo as responsáveis, mas hoje quando lembro rio da situação. Tem que se pensar muito no que se escreve (e como). Valeu Sergio! Continue postando. bj

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  2. Simples e clara. Ótima colocação: com sabedoria, humildade e funcionalidade.

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    1. MM,
      Muito obrigado por prestigiar o blog mais uma vez. Você é uma pessoa que tem essa qualidade, de se expressar bem ao escrever.
      Abraço.

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  3. Pra mim, não tem como a comunicação falada, de preferência presencial mesmo. Infelizmente redes sociais e endereços eletrônicos tornaram-se tão necessários que só com eles conseguimos, por exemplo, nos comunicar com pessoas com quem não falamos há muito tempo, saber como elas estão, inclusive fisicamente pelas fotos postadas, é claro. Eu confesso...tenho muita dificuldade de me comunicar com um "computador". Gosto de falar olhando as pessoas, gesticulo muito, gosto de ouvir, de observar. Além disso, acho que é bem mais fácil não cometer erros na comunicação falada, como você disse, não é? "simples assim"! Um abraço.

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    1. Lauri,
      Concordo com tudo o que você falou, o que bate, inclusive, com a última mensagem que lhe enviei no face. Veja lá e me retorne. No entanto, nas empresas, principalmente, a comunicação escrita é indispensável. No meu caso específico, tenho que ler e responder centenas de mensagens diariamente, além de orientar minha equipe em relação ao assunto. Isso foi o que me motivou a escrever esse texto.
      Obrigado por prestigiar o blog mais uma vez.
      Um abraço.

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  4. Sérgim
    Tá muito bom o blog! Passei para amigos>
    Dorro

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  5. HaiKai

    Vôo dos pássaros!
    fio costurando ligeiro
    o céu ao mar.

    Tânia Diniz

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