domingo, 4 de junho de 2017

O Tempo


Esses dias, num desses grupos de família no whatsapp que todos têm hoje em dia, um sobrinho/afilhado muito dinâmico e realizador saiu-se com essa:

“Tio Sérgio, a inércia e a mediocridade são extremamente tentadoras no curto prazo, mas absurdamente frustrantes no longo”.

Como vivemos num mundo de excesso de informação – o que resulta, paradoxalmente, numa falta de informação, dada a dificuldade para filtrar aquilo que é relevante – essa afirmação me passou meio despercebida. Mas, depois de certo tempo, comecei a refletir um pouco sobre ela e tomei consciência do quanto aquilo era verdadeiro para mim, assim como para muitas pessoas próximas e queridas, com as quais eu me preocupo: gente da minha família, do meu círculo de amigos, colegas de trabalho...

Nos dias de hoje é muito raro parar para refletir, rever nossas atitudes, corrigir desvios, entender o porquê de nem tudo acontecer conforme imaginamos. Achamos injustas certas coisas, procuramos culpados externos, terceirizamos nosso destino.

É claro que injustiças acontecem, mas, se fizermos a nossa parte, certamente elas tendem a ser cada vez mais raras.

Jogos, redes sociais, farra com os amigos... Tudo isso é bom e saudável. Mas tem seu tempo. O problema é quando alguns extrapolam e fazem disso sua vida.

Quase todo mundo faz coisas boas. Só que muitos o fazem de forma pontual, e, ao não receber recompensa imediata, se frustra. Precisamos perseverar, fazer o melhor no dia a dia, de forma contínua.

Pessoas da minha faixa etária já gastaram uma boa parcela do seu “longo prazo”. Mas, mesmo assim, nunca é tarde para repensar com isenção as nossas atitudes – o que não é muito fácil. Há alguns anos tento concluir algumas pendências e estou sempre procrastinando. Uma dessas pendências é um livro que comecei a escrever há tempos e sempre encontro uma desculpa para não terminar. A principal delas é a falta de tempo. Isso nada mais é do que uma “bengala”, algo em que nos escoramos para tirar o foco daquilo que verdadeiramente nos impede de seguir adiante, que certamente demanda alguma ação trabalhosa e desgastante (caso contrário já teríamos superado). O que chamamos de falta de tempo normalmente é falta de priorização, de organização mental, de atitude.

Perceber isso e, principalmente, agir, é um processo de amadurecimento pelo qual todos precisamos passar. E quanto mais cedo isso ocorrer, mais teremos tempo para usufruir dos benefícios.

Uma boa estratégia para chegar lá é nos espelharmos nos exemplos, nos bons exemplos. E pararmos de achar que tudo o que fazemos – ou mesmo o que deixamos de fazer – de errado é justificável, enquanto condenamos outros que agem da mesma forma.

O tempo passa de forma inexorável. E pode ser cruel, se, ao olharmos para trás, percebermos que não fizemos o que é certo.

Como alguém já falou, o momento mais importante de nossas vidas é o agora, e o dia certo para amar, acreditar, fazer e, principalmente, viver, é hoje.

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