Esses dias, num desses grupos de
família no whatsapp que todos têm
hoje em dia, um sobrinho/afilhado muito dinâmico e realizador saiu-se com essa:
“Tio Sérgio, a inércia e a mediocridade são extremamente tentadoras no
curto prazo, mas absurdamente frustrantes no longo”.
Como vivemos num mundo de excesso
de informação – o que resulta, paradoxalmente, numa falta de informação, dada a
dificuldade para filtrar aquilo que é relevante – essa afirmação me passou meio
despercebida. Mas, depois de certo tempo, comecei a refletir um pouco sobre ela
e tomei consciência do quanto aquilo era verdadeiro para mim, assim como para muitas
pessoas próximas e queridas, com as quais eu me preocupo: gente da minha
família, do meu círculo de amigos, colegas de trabalho...
Nos dias de hoje é muito raro parar
para refletir, rever nossas atitudes, corrigir desvios, entender o porquê de
nem tudo acontecer conforme imaginamos. Achamos injustas certas coisas,
procuramos culpados externos, terceirizamos nosso destino.
É claro que injustiças acontecem,
mas, se fizermos a nossa parte, certamente elas tendem a ser cada vez mais
raras.
Jogos, redes sociais, farra com os
amigos... Tudo isso é bom e saudável. Mas tem seu tempo. O problema é quando alguns
extrapolam e fazem disso sua vida.
Quase todo mundo faz coisas boas.
Só que muitos o fazem de forma pontual, e, ao não receber recompensa imediata,
se frustra. Precisamos perseverar, fazer o melhor no dia a dia, de forma
contínua.
Pessoas da minha faixa etária já
gastaram uma boa parcela do seu “longo prazo”. Mas, mesmo assim, nunca é tarde
para repensar com isenção as nossas atitudes – o que não é muito fácil. Há
alguns anos tento concluir algumas pendências e estou sempre procrastinando.
Uma dessas pendências é um livro que comecei a escrever há tempos e sempre
encontro uma desculpa para não terminar. A principal delas é a falta de tempo. Isso
nada mais é do que uma “bengala”, algo em que nos escoramos para tirar o foco daquilo
que verdadeiramente nos impede de seguir adiante, que certamente demanda alguma
ação trabalhosa e desgastante (caso contrário já teríamos superado). O que
chamamos de falta de tempo normalmente é falta de priorização, de organização
mental, de atitude.
Perceber isso e, principalmente,
agir, é um processo de amadurecimento pelo qual todos precisamos passar. E
quanto mais cedo isso ocorrer, mais teremos tempo para usufruir dos benefícios.
Uma boa estratégia para chegar lá
é nos espelharmos nos exemplos, nos bons exemplos. E pararmos de achar que tudo
o que fazemos – ou mesmo o que deixamos de fazer – de errado é justificável,
enquanto condenamos outros que agem da mesma forma.
O tempo passa de forma inexorável. E pode ser cruel, se, ao olharmos para trás, percebermos que não fizemos
o que é certo.
Gostei, e muito.
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